sábado, 5 de novembro de 2016

3.6 Fazenda Suissa (1985-2015) 3

Produção de Carvão e Pecuária
Conforme a infestação de nematódeo se espalhava pelos cafezais os talhões foram gradualmente sendo substituídos por pastagens, seringais ou reflorestamentos de pinus e eucalipto. Para processar a madeira Sr.Geraldo abriu uma serraria em providenciou a construção de fornos de carvão com o objetivo de manter empregos das famílias que moravam na Fazenda Suissa. A tarefa do carvoeiro, além de encher e esvaziar os fornos, é ficar atento ao cozimento da madeira regulando a entrada de ar. Os funcionários habituados à lida do café enchiam os fornos, iniciavam a carbonização com um fogo brando e, acreditando que a missão estivesse cumprida, iam descansar ou fazer compras na cidade. Assim acontecia com freqüência que o conteúdo dos fornos era incinerado sem deixar sequer um tição.

Para corrigir essa situação Sr. Geraldo pediu ao seu filho Renato Spiller para chefiar esse novo setor e contratou o Beto, um profissional de carvoaria, que iniciou sua tarefa construindo logo mais meia dúzia de fornos. Onde antes trabalhavam 6 pessoas com 6 fornos Beto passou à cuidar sozinho de 12 fornos sem a menor correria e ainda sobrava tempo para freqüentar o bar da cidade. Renato comercializava o carvão em Marília. Seu produto ganhou fama nas churrascarias pela boa qualidade e prontidão na entrega. Para isso ele contava também com uma equipe de três empacotadores encabeçada por José Roberto da Silva filho mais velho de Cyrso Francisco da Silva, também conhecido como Cafuringa.


Reforma do Grande Galpão da Leiteria
Paralelamente ao carvão a pecuária ganhou importância na fazenda. Esse setor foi chefiado por Cícero Sena de 1982 até 1990. Havia o rebanho de gado nelore para corte e o gado de leite com muitas vacas mestiças da raça parda suíça. Já na década de 1980 foi requisitado o registro PC (puro por cruza) de algumas delas na associação, iniciando assim uma rigorosa seleção. Após 6 anos a Fazenda Suissa tinha o segundo maior rebanho de gado pardo-suíço registrado e alcançou 1500 litros de produção diária com 120 vacas em lactação. Cafuringa fazia parte da equipe da leiteria e sempre cuidava do gado durante as exposições onde por diversas vezes conquistou o prêmio de melhor tratador, pois era muito comunicativo e sempre prestativo. 
A leiteria funcionava num grande galpão projetado e construído por Erwin Mathys à pedido de Dr. Pedro em 1972. Para garantir o perfeito funcionamento da leiteria foram construídas no final da década de1980 mais duas casas onde passaram à morar as famílias de Cafuringa e Sr. Sebastião Barbosa. No início as vacas eram ordenhadas com o bezerro ao pé, sistema no qual não há um bom controle da alimentação dos bezerros. Em conseqüência eles ficavam fracos, muitos pegavam pneumonia e se optou por transferir todo o gado jovem para a sede. Com a eliminação do bezerreiro a sala de ordenha foi ampliada e uma grande plataforma de alimentação foi construída no miolo do galpão. Entre as duas filas de cochos passava o carro de boi distribuindo a silagem ou o capim napier picado com fartura, pois a vaca regula pela boca o leite que soltará durante a ordenha. 



 Galpões de Recria
Na sede foi então construído um conjunto de quatro galpões tanto para a recria de tourinhos como para os cuidados com os bezerros, criados longe das mães a fim de aperfeiçoar a ordenha sem castigar os pequeninos.

 A construção principal tem a planta baixa em cruz e fica no centro de um curral de manejo. Aí se fazia o controle de peso e triagem dos animais jovens.

 No próximo galpão ficava o bezerreiro sob os cuidados de Claudia Sena, filha do Sr. Cícero. Nos dois outros havia apenas cochos para complementar a alimentação dos animais em crescimento. O fechamento dessas construções se dá através de portões-veneziana móveis que cobrem as fachadas laterais controlando a incidência de luz e chuva.

O conjunto todo, e em especial o galpão principal com sua bela estrutura de madeira roliça, foi executado pelo chefe de manutenção e construção Sr. Aderbal Melvino Moura seguindo à risca o projeto de Erwin Mathys, o mesmo mestre de carpintaria suíço que projetou a leiteria.
Os encaixes em estruturas com madeira roliça são difíceis para executar pela falta de padronização dos diâmetros. Por isso Mestre Mathys, conhecedor dessas limitações, projetou somente cortes simples, parafusos passantes e cunhas nos pontos de  transmissão das forças como mostra a foto do apoio dos pés direitos e dos pontaletes do lanternim .

 O Curral
Em 1997 Sr. Geraldo resolveu contratar a mais conceituada empresa de consultoria em pecuária de Piracicaba - a Boviplan. Os sócios Ricardo Burgi e Manfred Folz elaboraram um plano de gestão e escolheram jovens recém-formados para executá-lo. Entre outras coisas eles propuseram a construção de um curral onde os animais sofrem menos estresse durante o manejo por conta da seringa em curva conforme mostra a planta a seguir. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

3.6 Fazenda Suissa (1985-2015) 2

O Clube
Nas décadas de 1980 e 1990 o cultivo de café ainda demandava muita mão-de-obra. Os tratos culturais e principalmente a colheita eram realizados manualmente. Por isso a fazenda contava com uma centena de funcionários, equivalente a uma população residente de aproximadamente 250 pessoas. Nesse cenário é fácil imaginar que havia quatro times de futebol, ou seja, veteranos, titulares, reservas e juniores, todos vestindo fardas coloridas.

 Todo ano Sr.Geraldo bancava uma festa no fim da colheita e quando esta ultrapassava 6000 sacas a festa se prolongava por dois dias. Havia muitas brincadeiras tradicionais com prêmios e troféus como pau-de-sebo, gincana para as crianças e a praça da mentira além da tradicional rodada de futebol. Em uma dessas festas memoráveis o primeiro prêmio da gincana foi uma linda bicicletinha que ficou exposta sobre uma mesa. Já o prêmio do maior contador de causos da praça da mentira, ficou pendurado no alto de uma árvore e era um belo pacote feito com a embalagem da bicicletinha. Após quatro horas de causos e mentiras o concurso foi encerrado e o maior mentiroso, cheio de esperança, subiu na árvore, alcançou aquele pacote enorme e pôs se a desembrulhar, desembrulhar e desembrulhar, até chegar finalmente ao seu prêmio – um anzol. Os outros prêmios pendurados na mesma árvore eram uma vara e um molinete enfim, coisas de pescador...

As festas de fim de colheita foram primeiramente realizadas na garagem de tratores, mas se fazia necessário organizar um local apropriado ao lado do campo. Em 1986 foi construído o clube. Sr. Aderbal Melvino, junto com João Carlos Panza, mais conhecido como Baca, fizeram o madeiramento. Posteriormente Sr. Oriel Monteiro construiu o fogão-à-lenha e ainda se vê a assinatura de Sr. Carlos Maiello, conhecido como Carlito, no piso cimentado. A exemplo de muitos outros Sr.Carlito criou seus filhos na labuta do café e posteriormente passou a trabalhar na equipe de construção e manutenção.


Em 2015 o telhado de zinco foi substituído por telhas de concreto de fabricação própria, as tesouras maiores foram reforçadas e banheiros novos foram construídos. Para realizar essa reforma foi contratada uma equipe de Garça sob o comando do carpinteiro Claudionor Lopes. O galpão tem duas alas laterais que se unem no meio formando um espaço maior. Na ala oeste fica a cozinha caipira com o fogão à lenha e os banheiros.


 A Escola
A primeira sala de aula foi construída na década de 1920 colada à casa do farmacêutico. O conjunto era alinhado com a Casa do Fiscal que ficava mais adiante. Logo a escola foi ampliada com outra sala e no espaço livre entre as construções o fiscal geral Sr. Olavo ergueu uma garagem para o caminhão. Mais tarde, já nos anos 1950, faltou espaço para a farmácia, então o caminhão foi colocado na garagem dos tratores cedendo o lugar à farmácia. No final dos anos 1960 a farmácia foi desativada e o espaço foi transformado em refeitório para os alunos da escola. Já nos anos 1980 o estudante de educação física Bosco Panza, o filho mais velho de Dona Dora e Sr. Ernesto, promovia bailes nas noites de sábado embalados ao som da vitrola emprestada pela mãe. Aos domingos Sr. Benedito Rodrigues, que durante a semana fiscalizava uma turma no cafezal, dava aulas de catequese como podemos ver na foto cedida por Shirley Panza, a Baixinha filha de Baca.


  
O Postinho
Em 1973 o então administrador Ernesto Öhninger contratou o Sr. Ernesto Panza, o mecânico que tocava uma oficina em Guararapes junto com seus filhos. Ele mudou com a família para a antiga casa do fiscal. À partir de 1984 os filhos Tinho (Ernesto Panza Filho) e Baca (João Carlos) passaram a ajudá-lo na oficina e a operar a serraria. 


 Nesse mesmo ano Baca construiu para si e sua esposa uma edícula entre a casa dos pais e a velha garagem onde funcionava então o refeitório da escola. Em 1986 foi um ano de sorte para a família Panza. A filha Rose ganhou na loteria e Sr. Ernesto se aposentou. Rose levou os pais consigo para Mogi Guaçú deixando a Casa do Fiscal livre para a família de Baca.
Em 1991 a edícula foi reformada e nela passou a funcionar o Posto de Saúde. Uma enfermeira fazia atendimentos rotineiros como medir pressão, coleta de material para exames e vacinação. Dr. Seisu Komesu, que posteriormente se tornou prefeito de Guaimbê, também atendia à cada quinzena no postinho da Fazenda Suissa.


O Novo Milênio
Na década de 1990 os cafezais já estavam severamente acometidos por nematódeos, parasitas que infestam o solo e corroem as raízes dos pés de café. Apesar dos cuidados tomados para evitar sua expansão os cafezais foram minguando aos poucos até a total erradicação dos 350.000 pés que havia na fazenda. Grande parte dos trabalhadores ficou ociosa. Num período de quase 15 anos o quadro de funcionários foi reduzido até restarem no final apenas uma meia dúzia.  
Por fim, da década de 1990, o Grupo Escolar da Fazenda Suissa foi desativado dentro da então vigente política de nucleação das escolas, um programa que aboliu quase todas as escolas rurais do Estado de São Paulo. A prefeitura de Guaimbê enviava um ônibus escolar para levar os poucos alunos até a cidade. A casa do primeiro fiscal Sr. Olavo Arantes, que serviu também de moradia para a Família Panza foi ocupada por último pela família do encarregado da manutenção da fazenda, o construtor Oriel Monteiro.  



 Em 2004 foi elaborado um projeto para transformar o conjunto do da Escola/ Refeitório/ Postinho /Casa do Fiscal em Centro de Eventos. Em 2006 a Construtora Yamashita, que dividia o escritório com a empresa de projetos do casal de arquitetos, ora proprietários da fazenda, ajudou na reforma total desse conjunto, desde o reforço das fundações, construção do alpendre, dos banheiros novos, revisão de esquadrias e telhados, assentamento de pisos até a pintura.


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

3.6 Fazenda Suissa (1985-2015)
Após o falecimento do Dr. Pedro em 1975 as fazendas do espólio ficaram aos cuidados de Jorge Schweizer, o genro mais velho. No ano seguinte o filho Markus Max Wirth veio auxiliá-lo nessa tarefa, após concluir o curso de engenharia agronômica. Eles conduziram os negócios de forma conservadora e cuidadosa até todos os 5 filhos de Dr. Pedro e Dona Margot  assumirem suas próprias fazendas, dissolvendo assim o espólio.

A Fazenda Suissa, da qual a Fazenda Sabiá havia sido desmembrada em 1965, passou para a responsabilidade de Isabel e Gerhard Spiller em 1982. Sendo ambos arquitetos trabalhavam principalmente no escritório de arquitetura que mantinham em Marília onde também moravam.

Gerhard Spiller, mais conhecido como Sr.Geraldo, assumiu a gerência da Fazenda Suissa. Para melhor administrá-la, contratou Ismael Queiroz de Souza, engenheiro agrônomo recém chegado da Costa do Marfim onde passou alguns anos à serviço do governo brasileiro num convênio bilateral. Ismael, a esposa Nilsa e a filha Cínthia se acomodaram na velha casa do administrador. Ismael cuidava dos cafezais e Nilsa da escola freqüentada pelos filhos dos mais de 100 funcionários que ainda moravam na fazenda.

Havia aproximadamente sessenta anos que a família proprietária não morava na Fazenda Suissa, mas supervisionava os administradores através do escritório central localizado na Fazenda Paredão no município de Oriente. Nesse período a Fazenda Suissa foi gerida com rigor técnico sem luxo nem asseio. As lavouras e o gado estavam sempre bem cuidados, mas na sede o lixo se acumulava havia décadas. Na rua de acesso principal que passava em frente da casa do fiscal, do escritório, da casa do administrador e terminava no casarão, havia jardins razoavelmente arrumados, já nas colônias, na serraria, e na oficina reinava o caos nos quintais e galpões abandonados. Para sanear essa área Sr. Geraldo fez um novo acesso, reorganizando a sede pelo avesso.
 O Escritório Novo:

Junto à colônia havia um grande galpão que abrigava a serraria e a oficina. Serra tico-tico, desengrossadeira, tupia, serra circular, furadeira de bancada, a grande serra francesinha, enfim todo o maquinário antigo abarrotava o galpão e estava em pleno funcionamento. Os moradores da colônia utilizavam um atalho que atravessava a serraria passando no meio desse maquinário. Por aí as crianças cortavam caminho para ir à escola e os adultos para ir ao escritório. Era uma situação perigosa e muito precária.

Aproveitando o ensejo do novo acesso Sr. Geraldo deslocou o galpão 40 metros à nordeste para integrá-lo na área de produção. O espaço que era da oficina se tornou o novo escritório receptivo da fazenda e a oficina foi transferida para o galpão ao lado. Um pastinho passou à separar a área de moradia da área de produção.


 O escritório tem duas amplas salas, dois banheiros, copa e almoxarifado. As paredes de bloco cerâmico aparente formam nichos de armários intercalados por vidros basculantes e longas clarabóias de fibra de vidro compõem losangos sobre as vidraças na fachada. Duas portas pivotantes estruturadas com o logotipo da fazenda dão acesso às salas.




Bem se nota o traço do arquiteto Gerhard Spiller. Para tocar a obra ele buscou um amigo construtor, Sr. Juventino, em Curitiba. Além disso, ele contratou uma equipe local formada pelo Sr. Sebastião Lopes Faria, seus dois filhos Marcos e Mauro e o jovem aprendiz Mauro Pereira Maciel.


Desmontar e reconstruir a cobertura com suas tesouras de 17 metros foi uma façanha. Conseguiram dominar a tarefa com ajuda de um mastro de 7 metros de altura firmemente apoiado sobre um pranchão e diagonalmente estaiado com 4 cordas. Cada tesoura era içada através de uma roldana no topo do mastro e, uma vez alcançada a altura necessária, ambas as pontas era encaixada nos pés-direitos. Em seguida Marcos e Mauro soltavam 2 estais e o pranchão era empurrado para diante. O mastro pendia, porém os outros estais garantiam uma estabilidade precária. O jovem aprendiz Mauro Maciel observava rezando para que a parafernália toda não desabasse no chão antes de alcançar as próximas colunas onde seria içada mais uma tesoura. Assim, de susto em susto, o galpão foi reerguido enchendo de orgulho todos que participaram dessa aventura. Hoje Marcos Faria administra sua loja de materiais de construção, o irmão Mauro Faria segue o ofício de construtor como seu finado pai e Mauro Maciel é chefe de maquinário na garagem da prefeitura de Guaimbê.




A Oficina Nova, mas nem tanto

A velha oficina que ficava em uma ponta do galpão da serraria era um beco escuro: paredes de tábuas meladas de graxa, baús e armários abarrotados com peças e ferramentas. Sr. Ernesto Panza reinava até então nesse império de aparente desordem resolvendo qualquer problema mecânico que alguém lhe trouxesse. Com freqüência desmontava inteiramente um motor de trator para, depois de saneado o defeito, remontá-lo e tudo voltava a funcionar. Por vezes sobravam parafusos ou porcas nessas operações, mas ele jogava as sobras num canto resmungando sobre a ineficiência dos fabricantes que, em sua opinião, sempre utilizavam material em excesso.

Com a mudança da serraria e a construção do escritório a oficina ficou desalojada num primeiro momento. Logo Sr. Geraldo fez uma adequação no galpão ao lado, onde ele instalou uma oficina mecânica bem organizada. Nesse intervalo Sr. Ernesto Panza se aposentou e o administrador Ismael chamou Sr. Walter, seu cunhado e companheiro de estada na África. O filho caçula dos Panza, Ernestinho, ajudou o novo mecânico durante mais alguns anos.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

À partir de 2004 o governo federal deu início aos incentivos para o setor álcool-açucareiro. O Grupo Equipav, com uma grande usina instalada em Promissão, começou à expandir sua área agrícola na região de Lins e Guaimbê. Seguida pela Fazenda Sabiá, a Fazenda Suissa firmou parceria com a Equipav para o plantio e manejo de novos canaviais. Verena Matter da Fazenda Seriema, apesar de relutante, também cedeu uma área de pastagem para a cana em virtude de sua maior lucratividade.

3.4 Fazenda Nossa Senhora de Aparecida (2015)
Alguns anos depois Verena adoeceu e veio a falecer.Em 2015 os herdeiros resolveram vender os canaviais e parte das pastagens da Fazenda Seriema. O comprador, Sr. Anísio Fornereto, cuja atividade principal é a produção de esquadrias metálicas em José Bonifácio, encontrou na pecuária, especialmente na engorda de bovinos, uma diversificação para seus negócios. O genro Adriano toma conta da nova propriedade, a Fazenda Nossa Senhora de Aparecida.

3.5 Fazenda Sabiá (1985-2015)
Secador:. Em 1980 Arthur Baumgartner encerrou seu estudo de agronomia com um trabalho de graduação sobre o café. Para tanto ele cultivava com esmero, bem protegidos do frio alpino, alguns pés junto à grande bay-window de seu apartamento em Zurique.

À partir de 1984 quando se mudou com a família para a Fazenda Sabiá ele se dedicou com afinco aos cafezais cujo manejo desafiava seus conhecimentos profissionais. Até então os grãos eram secados e beneficiados no antigo terreiro da Fazenda Suissa. O transporte, além de complicado, encarecia o produto por isso foi construído um pequeno terreiro com secador à lenha conforme o desenho abaixo.



Casa Sede: Marianne, a esposa de Arthur é decoradora formada. Ela descobriu sua vocação quando criança ao freqüentar o atelier do avô, designer e artista plástico suíço.
Conforme relatado anteriormente a casa do administrador da Fazenda Sabiá foi construída às pressas sem capricho nem graça. Essa situação obviamente não agradou à Marianne. Então eles iniciaram em 1990 uma reforma em diversas etapas concluídas somente em 2004. A casa sem graça foi transformada num charmoso bangalô tropical, espaçoso, muito aconchegante e bem integrada num jardim de bromélias




A primeira intervenção de Marianne e Arthur foi transformar a varanda de entrada em atelier de costura, tapeçaria e bricolagens diversas, enfim, um ambiente carregado de lembranças do avô de Marianne, desde os móveis de sua autoria até os desenhos que se vê acima da janela. Ao mesmo tempo o casal construiu um novo hall de entrada a oeste e a varanda para churrasco ao longo da fachada sul. 



Em 2004 dois amigos australianos muito práticos passaram as férias na Fazenda Sabiá. Na metade da temporada eles perguntaram aos anfitriões como poderiam retribuir a hospitalidade. Em resposta o casal pediu para que os australianos parrudos colocassem umas grossas toras de eucalipto no alinhamento da parede da cozinha para que esta pudesse ser removida e a cozinha ampliada. O resultado é um maravilhoso espaço culinário com ilha central de preparo e bancada do fogão como a ponte do capitão na proa de um navio.


sexta-feira, 22 de julho de 2016

3.3 Fazenda Seriema (2)
Arquitetura é um assunto muito envolvente. Arquitetura abrange todas as atividades humanas, pois organiza o espaço construído para melhor servir ao desempenho de cada atividade com harmonia e eficiência. Em conseqüência disso os arquitetos atuam em toda parte inclusive no campo. Um exemplo são os 4 arquitetos proprietários atuantes nas 8 fazendas que hoje compõe a antiga Fazenda Suissa. Max Matter é um deles que projetou com maestria e carinho a sede da sua fazenda.

A Alma do Negócio
Segue a planta baixa de uma das primeiras e a mais importante construção erguida na Fazenda Seriema. Ela compreende o almoxarifado, pequena garagem, oficina para trator e quartinho de arreios. Posteriormente foram feitas ampliações em ambos os lados para atender à todas as necessidades tanto operacionais como administrativas da fazenda.



Mesmo obedecendo à simetria a ampliação conferiu uma aparência muito peculiar ao conjunto conforme se observa na foto.




O Grande Galpão  e o Galpãozinho
Essa foto do final do ano de 1988 mostra a montagem do grande galpão de maquinário. O projeto é de Erwin Mathys, mas a execução tanto do galpão como do curral, foi realizada pela equipe do carpinteiro Rosa de Guararapes.




São aproximadamente 440 metros quadrados de área coberta aberta com 2 pequenos quartinhos fechados. Ele abriga tratores, carretas, implementos, adubo e um estoque de madeira

 Apesar do generoso espaço de depósito do grande galpão sempre há outros materiais que se acumulam na fazenda. Para guardar pneus, sacarias etc. foi construído um galpãozinho de 15,30m por 5,80m. É uma estrutura simples sem tesouras com esteios roliços de 2,30 nas laterais e 3,15m no meio à cada 3 metros.



O Curral
O curral mede um pouco mais que 43m de diâmetro. Seu diferencial é uma manga de retorno que facilita a apartação dos animais depois da balança. Esse detalhe mostra um dos aspectos mais importantes na seleção do gado da Fazenda Seriema onde sempre foi observado o ganho de peso de todos os animais à partir do nascimento.


As Casas
Todas as construções da Fazenda Seriema têm cobertura de fibrocimento sobre estrutura de madeira. As casas e o escritório/oficina são de alvenaria aparente, pisos de cimento queimado e esquadrias de madeira.

A casa do administrador é maior e tem como característica interessante a cozinha/copa separada do corpo principal da casa por uma varanda para churrasco. As chaminés do fogão à lenha e da churrasqueira são geminadas. Dona Cidinha e Sr. Luizinho que pilotam esse fogão e a churrasqueira respectivamente trabalham já há aproximadamente 25 anos para a famílias Matter e Baumgartner.


 As demais casas são menores e mais simples por não serem forradas. Elas tem 3 quartos, sala de estar, copa/cozinha integradas, banheiro externo, pequena área de serviços e garagem.

 A colônia tem um aspecto moderno e ordenado contrastando com o frondoso bosque que a rodeia. Todas as casas são arejadas e têm como característica uma passagem entre o banheiro e o corpo principal da casa.

As construções da sede da Fazenda Seriema nem sempre seguem as Normas Brasileiras, mas o conjunto todo é um exemplo da boa arquitetura rural contemporânea.



A Pensão
A pensão é uma velha casa de madeira que foi desmontada em uma das colônias antigas e reconstruída na Fazenda Seriema. Foram acrescentados 2 banheiros e uma cozinha em alvenaria. Ela forma um conjunto muito charmoso e até um pouco saudosista no final da colônia moderna, próximo ao campo de futebol, rodeado por um denso bosque reflorestado.

terça-feira, 5 de julho de 2016

3.Fazenda Suissa: Oito Fazendas - 1985 a 2015 (1)
3.1Nossas Fontes:
Para coletar dados referentes aos trinta anos mais recente da história da Fazenda Suissa não há fonte melhor que os dois proprietários que nela moram desde o início da década de 1980.

Gerhard Heinrich Spiller, casado com Isabel Carolina Wirth Spiller, neta do fundador Max Wirth, é arquiteto e dedicado criador de gado pardo-suíço. Administra a Fazenda Suissa desde 1982, passando à morar definitivamente na velha sede em 1995.

 








Arthur Johann Baumgartner, filho de Johann Viktor Baumgatner e neto de Max Wirth, é engenheiro agrônomo apaixonado pela profissão. Ele mora na Fazenda Sabiá com sua esposa Marianne e seus filhos Beatriz e Ueli desde 1983.




 3.2Transição para a Terceira Geração e Desmembramentos
No final do ano de 1975, aos 57 anos, Hans Peter Wirth (Dr. Pedro) faleceu num acidente de automóvel. Os filhos se encontravam na Suíça à estudo, exceto a primogênita Evelyn casada com o médico Dr. Jorge Schweizer que assumiu a administração do espólio.

A viúva Dona Margot procurou o cunhado Johann Viktor Baumgartner (Dr. João) para ajudá-la na partilha das fazendas. Essa escolha longe de ser aleatória, foi motivada pelo fato que os cunhados Dr. Pedro e Dr. João, ambos engenheiros agrônomos formados na mesma escola, haviam convivido em grande sintonia. O espólio e o processo de partilha duraram até o início da década de 1980. Dr. João, refletindo sobre a efemeridade da vida, resolveu dar suas fazendas aos filhos em vida. Assim ele passou a Fazenda Sabiá para Arthur e Verena, enquanto Dona Margot deu a Fazenda Suissa para sua filha Isabel.



 Durante os próximos 30 anos a antiga Fazenda Suissa, composta pelas fazendas Sabiá e Suissa, foi dividida em oito diferentes propriedades, iniciando pelo desmembramento da Fazenda Seriema em 1988 que ficou para Verena, a filha mais velha de Dr. João enquanto o remanescente da Fazenda Sabiá ficou para o filho Arthur.
Segue o mapa esquemático da antiga Fazenda Suissa destacando todos os desmembramentos ocorridos entre 1985 e 20015.



3.3 Fazenda Seriema
Verena Baumgartner se formou em agronomia e zootecnia na Suíça, onde conheceu seu marido, o arquiteto Max Matter. Voltando para o Brasil após os estudos o casal foi morar na Fazenda São João do Monte Alto em Maracajú. Naqueles confins do Mato Grosso do Sul Max descobriu sua vocação para o manejo de lavouras. Ele adora a muvuca do maquinário durante o preparo do solo, o plantio e a colheita, problemas mecânicos são desafios instigadores, por isso gosta de colecionar tratores antigos. Mas a nova Fazenda Seriema tinha sobretudo pastagens, um prato cheio para Verena que sempre gostou da criação de gado nelore. Na paisagem ondulada com bosques de eucalipto e pinus, córregos com represas, ela escolheu a localização da nova sede junto à uma grande figueira solitária que ainda hoje se destaca no meio da pastagem. Max então, voltando à sua profissão de origem, projetou todas as edificações para a nova sede intercaladas com árvores numa charmosa seqüência linear com perfeita orientação leste-oeste. 
 Na época da implantação da sede o cunhado Arthur e Marianne já estavam instalados na Fazenda Sabiá, no entanto Max e Verena moravam longe, por isso combinaram com os vizinhos para acompanhar as obras na Seriema.